Saí catando moedas lá em casa e fui com meu digníssimo esposo, Fralda, ver principalmente JASON no domingo da Mostra de Cultura Alternativa, no SESC de Barra Mansa RJ, era o show que mais aguardava ver ultimamente, porque estão com a formação original, Vital no vocal e Flock no baixo. Bateu uma tristezinha de não ter podido ver o show da Zefirina Bomba no dia anterior, mas foi uma boa surpresa vê-los ainda por lá também para ver os shows e papear um pouco.
Falando em surpresas, alguém do Plastic Fire (RJ) quebrou a perna ou o pé e quem abriu a noite foi a Amplexos tocando pelo que me lembro duas versões novas de músicas do primeiro cd e algumas músicas novas. No geral gostei bastante, eles evoluem a cada show, percebemos que gostam do que estão fazendo ali; só achei que as músicas estão ficando um tanto longas, não sei se foi improvisação ali na hora. Se não estivesse tão vazio por lá e tivesse aquele climão mesmo de show talvez eu não teria achado as músicas longas, é que o pessoal ficava olhando pra cara da banda, sem muita interação.
A estrutura da Mostra vem se modificando a cada edição e a de 2010 ficou bem bacana, mais palco no chão. O mini picadeiro é uma estrutura fixa lá no Sesc e o palco ficou legal lá dentro, não muito grande, nem tampouco pequeno, cabendo do lado de dentro da tenda cem pessoas, tranquilamente. Mas se as (mais ou menos) cinquenta pessoas que lá estavam parassem de frescura e entrassem, já teria ficado legal. Parecia que era proibido pisar no círculo amarelo pintado no chão em frente ao palco.
Jason se apresentou em segundo, o equipamento de som não estava lá essas coisas, fios se soltavam, partes da bateria caíam no Marcelo algumas vezes (baterista só se ferra) e o retorno de palco também não funcionava bem. Mas a Jason que é formada por músicos calejados do 'derground' e animados com o retorno às atividades, chegaram a algum entendimento com a estrutura e partiram pra dentro, tocando várias canções do Eu, Tu, Denis (2002), algo que não sei porque eu não esperava (Eu Nao Matei Um Kennedy é uma das minhas preferidas desse cd), algumas do Regressão (2007) e as já clássicas Marra de Cão, Roda Gigante e Imagem é tudo, sua cabeça não tem nada (Que muita gente conhece na versão da Pitty). Apesar das interpéries, foi surreal ouvir Vital, a voz dos álbuns, bem ali, Flock, Marcelo e claro, Panço, de quem já tive medo, mas não tenho mais, tocando os riffs que tanto me fazem feliz na sua SG vermelha. Ao tocarem Álbum de Família eu fechava os olhos e lembrava do show no Paiol, em Resende RJ, cinco ou seis anos atrás, mais de trezentas pessoas pulando e se debatendo dentro daquele restaurante para onde conseguimos transferir o evento de última hora, devido à problemas, digamos, (com) políticos e abria os olhos, aquela imensidão de espaço entre a banda e o público, a maior parte olhando, poucos balançando a cabeça ou batendo o pé (a três metros do palco). Esse povo vai ficando mais velho e mais bobo, isso sim. Enfim, dei uma de tiete mesmo, e daí, ao pegar o repertório e um pôster depois do show.
Nos intervalos, cervejas humildes e conversas descontraídas com o pessoal da Zé Oito e Iguanas e espiada no que a galera do graffiti estava pintando ali ao lado. Depois rolou De Leve, mas não vi e a hora de pegar o ônibus de volta já se aproximava. Saí de lá com várias sensações entrecortadas, mas a principal delas é a de que subestimamos demais o potencial do que acontece no nosso quintal. Pra finalizar sobre a quantidade de pessoas presentes na MOSCA, tá certo que era Domingo, o flyer do evento atrasou e em Resende a divulgação do SESC nunca chega mesmo, mas ao ter todos aqueles flashbacks durante o show da Jason, fiquei me perguntando que raios anda acontecendo com o povo que curte roque em Volta Redonda, Resende e Barra Mansa. Isso dá muito pano, mas cadê as trezentas pessoas que viram Jason no Paiol? Cadê cinquenta deles, pelo menos? Cadê os hardcore's de Barra Mansa (nem pra ter vinte lá, po, nem no dia anterior em que tocou D.F.C.)? Cadê os modernos de Volta Redonda (tem discotecagem no Mosca também)? Enquanto a história se repetir, vou repetir também esse tipo de pergunta. E não creio que as pessoas não tenham percebido até agora que MOSCA tem todo ano. Só espero que a volta do Freakshow no próximo domingo também traga de volta a percepção e a empolgação daqueles que verão shows de bandas consagradas da cena independente e, de quebra, ótimas bandas de suas próprias cidades. Ou será que 'só eu' enxergo a importância disso?
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